Impulsionada pela entrada maciça de animês no país, a J-music no Brasil surge para afirmar que é possível fazer música japonesa sem se restringir ao que vem do arquipélago
Muito se fala da J-music, que tem conquistado um público cada vez maior, mas ainda há muitos pontos obscuros. É comum, por exemplo, pensar que J-pop e J-music sejam o mesmo e achar que artistas conhecidos aqui tenham necessariamente o mesmo destaque no Japão. Impulsionada pela entrada maciça de animes no país, a J-music no Brasil surge para afirmar que é possível fazer música japonesa sem se restringir ao que vem do arquipélago, agregando elementos brasileiros.
O termo J-music se refere à música japonesa em geral, englobando diversos gêneros. Sobre o uso da expressão, Rodrigo Esper, do site JaME (Japanese Music Entertainment) do Brasil, explica que não é usado no Japão. "Seria como nos referirmos às nossas bandas como 'música brasileira', algo desnecessário", diz Rodrigo. O J-pop adquiriu a acepção da música japonesa em geral, sendo utilizado para identificar bandas e cantores que se tornam bastante conhecidos e atingem uma alta vendagem – mas, a princípio, se refere à música pop japonesa. Artistas como Koda Kumi e Dragon Ash são considerados J-pop, apesar de realizarem diferentes estilos de música.
Diferenciar uma banda que canta em japonês e uma banda de música japonesa não é tão simples quanto parece. Para Rodrigo, não basta cantar no idioma ou ter descendência japonesa. "O que define a banda como J-music são suas influências e objetivos e não a língua em que é cantada ou a nacionalidade dos autores", afirma, pois há ainda bandas de J-music que cantam em inglês e com formação de não-descendentes.
J-music no Brasil
Inicialmente, a divulgação da J-music, mais restrita à colônia nipônica, era obtida pela onda de animês. A banda J~Squad, formada em 2005, é exemplo de que o interesse pode surgir com os animês, mas não se limita ao universo dos desenhos. "Quando percebemos, estávamos curtindo músicas japonesas", afirma César Hirasaki, guitarrista da banda. O caminho natural de uma banda brasileira de J-music era tocar covers – geralmente temas dos animê – e, somente após conseguir este reconhecimento inicial, tentar alcançar seu próprio espaço e compor suas próprias músicas. Foi assim com a carioca Psygai, banda que Rodrigo Esper considera uma das pioneiras do gênero no país e que, em 2001, já fazia shows com covers e músicas próprias em japonês.
Outro meio que auxiliou na difusão da música foi a internet, que diminuiu as restrições ao mundo dos desenhos animados japoneses, conseguindo assim atingir um público cada vez maior. Jack, guitarrista da banda ob'SEX'i[on], concorda. "Há espaço crescente, com aumento do interesse do público e com as bandas procurando mais qualidade em seu trabalho", diz. Já César é um pouco mais pessimista e afirma que, no Brasil, ainda há limitações ao circuitos de eventos de animê, nos quais sua banda já tocou diversas vezes.
Rodrigo afirma que a barreira lingüística e o receio que as pessoas possuem da novidade seriam obstáculos transpostos em seu devido tempo. "Era só uma questão de tempo para que este algo novo e peculiar ganhasse espaço", afirma. A ob'SEX'i[on] é exemplo de banda que faz J-music sem necessariamente ter origem nipônica. Nenhum de seus seis integrantes tem descendência japonesa ou conhecimento profundo do língua japonesa. Quase como um idioma universal, a música proporciona o contato de culturas, sem limites geográficos para limitar a beleza deste encontro. E é esse o questionamento que Jack faz. "Para abraçar uma cultura, você precisa ser 'nacional' dela?". Ainda com passos tímidos, a J-music feita no Brasil surge para provar que é possível ter diversidade sem perder a qualidade.
O termo J-music se refere à música japonesa em geral, englobando diversos gêneros. Sobre o uso da expressão, Rodrigo Esper, do site JaME (Japanese Music Entertainment) do Brasil, explica que não é usado no Japão. "Seria como nos referirmos às nossas bandas como 'música brasileira', algo desnecessário", diz Rodrigo. O J-pop adquiriu a acepção da música japonesa em geral, sendo utilizado para identificar bandas e cantores que se tornam bastante conhecidos e atingem uma alta vendagem – mas, a princípio, se refere à música pop japonesa. Artistas como Koda Kumi e Dragon Ash são considerados J-pop, apesar de realizarem diferentes estilos de música.
Diferenciar uma banda que canta em japonês e uma banda de música japonesa não é tão simples quanto parece. Para Rodrigo, não basta cantar no idioma ou ter descendência japonesa. "O que define a banda como J-music são suas influências e objetivos e não a língua em que é cantada ou a nacionalidade dos autores", afirma, pois há ainda bandas de J-music que cantam em inglês e com formação de não-descendentes.
J-music no Brasil
Inicialmente, a divulgação da J-music, mais restrita à colônia nipônica, era obtida pela onda de animês. A banda J~Squad, formada em 2005, é exemplo de que o interesse pode surgir com os animês, mas não se limita ao universo dos desenhos. "Quando percebemos, estávamos curtindo músicas japonesas", afirma César Hirasaki, guitarrista da banda. O caminho natural de uma banda brasileira de J-music era tocar covers – geralmente temas dos animê – e, somente após conseguir este reconhecimento inicial, tentar alcançar seu próprio espaço e compor suas próprias músicas. Foi assim com a carioca Psygai, banda que Rodrigo Esper considera uma das pioneiras do gênero no país e que, em 2001, já fazia shows com covers e músicas próprias em japonês.
Outro meio que auxiliou na difusão da música foi a internet, que diminuiu as restrições ao mundo dos desenhos animados japoneses, conseguindo assim atingir um público cada vez maior. Jack, guitarrista da banda ob'SEX'i[on], concorda. "Há espaço crescente, com aumento do interesse do público e com as bandas procurando mais qualidade em seu trabalho", diz. Já César é um pouco mais pessimista e afirma que, no Brasil, ainda há limitações ao circuitos de eventos de animê, nos quais sua banda já tocou diversas vezes.
Rodrigo afirma que a barreira lingüística e o receio que as pessoas possuem da novidade seriam obstáculos transpostos em seu devido tempo. "Era só uma questão de tempo para que este algo novo e peculiar ganhasse espaço", afirma. A ob'SEX'i[on] é exemplo de banda que faz J-music sem necessariamente ter origem nipônica. Nenhum de seus seis integrantes tem descendência japonesa ou conhecimento profundo do língua japonesa. Quase como um idioma universal, a música proporciona o contato de culturas, sem limites geográficos para limitar a beleza deste encontro. E é esse o questionamento que Jack faz. "Para abraçar uma cultura, você precisa ser 'nacional' dela?". Ainda com passos tímidos, a J-music feita no Brasil surge para provar que é possível ter diversidade sem perder a qualidade.
Mais sobre bandas de j-music
Wasabi
Os membros da Wasabi já conviviam com a música japonesa desde criança
Um das bandas de j-music mais conhecidas, a Wasabi, nasceu em 2005 e desde então já sofreu algumas alterações em sua formação. Carlos Tsukada (guitarra) havia convidado a cantora Carol Himura para se apresentar junto com ele e com o vocalista Ricardo Cruz. Com o tempo, juntaram-se ao grupo o cantor e tecladista Eduardo Costa (também vocalista da J~Squad), o baterista Paulinho Mendes e a baixista Gláucia Midori. Ricardo acabou saindo e em seu lugar entrou Diego Yamashiro. Gláucia teve de sair por compromissos pessoais e Leandro Cruz substituiu a baixista. Carlos afirma que um dos momentos mais difíceis é justamente esta troca de integrante. "Não tanto pelo trabalho de ter que achar um substituto, mas pelo fato de não ter mais a presença da pessoa que batalhou junto com a gente ensaiando, tocando em eventos", conta. Ele brinca e compara a outro fato geralmente desagradável. "É quase como perder a namorada", diz. Em compensação, é no final de apresentações que o trabalho se torna mais gratificante. "A gente lembra o esforço e o tempo que foi gasto pra chegar naquele resultado. E a sensação de dever cumprido", afirma.
O nome Wasabi vem, na verdade, de uma idéia de Carlos ao passar em um dos supermercados da Liberdade, na capital paulista. "Achei que era uma combinação perfeita de um nome visualmente imponente com um produto de sabor forte", conta. Os fãs podem se decepcionar um pouco com a explicação, já que ele afirma que gostaria de dizer que o nome veio "a partir de uma história épica ou gloriosa" e não de uma passada no mercado. "Fica pior quando eles [os fãs] descobrem que ninguém da banda curte muito comer wasabi", confessa.
A escolha por músicas japonesas foi natural já que era um gosto em comum. Os membros já conviviam com a música japonesa desde criança, por influência dos animês, tanto que três deles já participaram de concursos de animekê antes de entrar para a banda. Um dos pontos mais curiosos da Wasabi é como ensaiam. Por já terem certa experiência em tocar na noite paulistana, cada um faz sua parte, ensaia em casa, e depois se juntam para ver o resultado. "Conferimos entre nós usando o messenger ou telefone, se tem detalhes que não estão batendo. Só depois disso marcamos um ensaio com a banda toda". Isso reflete, entre outras coisas, a dificuldade de conciliar o tempo pois cada um tem seus compromissos e horários. "Mas ver a agitação do público compensa no final", acredita.
Para quem está iniciando, a honestidade de Carlos pode ajudar. "A resposta politicamente correta no nosso meio Otaku seria: não desistam e acreditem nos seus sonhos". Mas ele afirma que na realidade não é bem assim. "Dá muito mais trabalho do que parece criar e, principalmente, manter uma banda de J-music", afirma. E como contornar esta dificuldade? "Se a banda não for muito esforçada e não tiver um certo planejamento, as chances de conseguir uma apresentação ao vivo são pequenas", conclui.
Curiosamente, apesar de terem influência notável da cultura japonesa e fazerem j-music, nenhum dos integrantes da banda é descendente de japonês
Prezando pela fusão de vários estilos da música japonesa, a ob'SEX'i{on] nasceu no final de 2005, numa brincadeira entre amigos. A primeira apresentação do grupo foi no Anime Center Verão 2006 e, após isso, o guitarrista Jack conta que "a brincadeira deu tão certo que resolveu continuar". Apesar do pouco tempo, a banda já enfrentou algumas dificuldades, como a gravação da primeira demo, algumas brigas e apresentação de um show. "Estava tão quente que todos passaram mal depois do show", conta o vocalista Banshee. Integram ainda a banda Caxias (vocal), Jedah (guitarra), Hitoki (baixo) e Pecattu (bateria). Com mais de 20 apresentações no currículo, entre elas duas edições do Anime Friends, a banda tem planos de incluir mais línguas nas músicas autorais, embora não tenha nada definido. A ob'SEX'i[on], nome que fala em linguagem própria e dá vazão a vários significados, o que "simboliza a polivalência da banda" segundo Jack, lançou recentemente um single. Mesmo com a barreira lingüística, a banda pretende se aventurar em novas produções. Curiosamente, apesar de terem influência notável da cultura japonesa e fazerem j-music, nenhum dos integrantes da banda é descendente de japonês. Pelo que tem mostrado, a ob'SEX'i[on] prova que nacionalidade não é fator determinante no surgimento do interesse - e que é permitido fazer parte de uma cultura estando em outro país e não sendo originário dela.
J~Squad
Por a maioria dos integrantes já conhecerem o japonês,o idioma não foi obstáculo para a banda
É na junção de "squad", equipe, em inglês, e o "J", de japonês, que surge a banda J~Squad, no começo de 2005, com intenção de tocar música japonesa. Os integrantes Cesar Hirasaki (guitarra), Marcelo Basso (guitarra), Kenji Kihara (baixo) e Felipe Hirasaki (bateria) já tinham uma banda de rock, que não tinha dado muito certo. Resolveram então arriscar para o J-pop. Juntaram-se ao time os vocalistas Eduardo Costa e Verônica Huang e a tecladista Denise Yamaoka – que saiu em 2007. Os gostos musicais dos membros variam bastante e o que têm em comum são as músicas que tocam nos shows. Por a maioria dos integrantes já conhecerem o japonês, o idioma não foi obstáculo para a banda – tanto que lançaram a primeira música própria, "Beyond" em japonês. Apenas Eduardo não tem ascendência japonesa, mas ele também é apareciador da cultura japonesa, como os demais músicos. Entre as apresentações já feitas, há três no Anime Friends, duas em Minas e uma no Rio Grande do Sul. Com shows marcados e convites recebidos, porém sem datas definidas, a J~Squad pretende compor mais músicas próprias e continuar seguindo com sua música.
Kaminari
No início, a Kaminari foi formada como um projeto de cover da L'Arc~En~Ciel
Com pouco mais de um ano, a Kaminari, surgida em março de 2007 na cidade de São Bernardo do Campo, deseja apenas fazer suas apresentações, satisfazer o público, as intenções da banda e, quem sabe, ter algum retorno financeiro. Assim como acontece com a maioria dos músicos, o começo tem sido um pouco difícil, mas os jovens China (bateria), Nippo (guitarra), Endo (baixo), Sato (guitarra - solo) e Kaoru (vocal) não pretendem desistir. Segundo os integrantes, não há tanto espaço para a J-music no Brasil, pois ela ainda está, aos poucos, começando a crescer. E a cultura brasileira, por ter significativas diferenças em relação à japonesa, encontra-se um pouco reservada em relação ao cenário musical japonês.
Além disso, a Kaminari, formada a princípio como um projeto de cover da L'Arc~En~Ciel (já conhecida pelos fãs de anime songs), teve uma restrição de tempo de ensaios, pois parte dos membros está prestando vestibular. A primeira apresentação do grupo banda foi no Anime Friends do ano passado e, segundo China, é a apresentação que mais apreciam justamente por ter sido a de estréia. De lá para cá, fizeram apresentações no J-Oz Festival, J-Beat Festival, Playbands 2, Anime Dreams, Anime Crazy e no SESC Paulista. Entre as influências da banda estão Siam Shade, X Japan, Utada Hikaru, Ayumi Hamasaki, The GazettE e, claro, L'Arc~En~Ciel.
O nome Kaminari foi escolhido depois de inúmeras discussões, nas quais se decidiu optar pela força e significado da palavra. A banda afirma que, mesmo não falando japonês, a cultura japonesa os influenciou e contam que admiram sua arte e preservação.
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